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Jornalismo independente, progressista e dissidente
Dizer que Portugal não é racista não é uma opinião, é um exercício de negacionismo histórico racionalmente indefensável.
O assassinato da vereadora Marielle Franco faz dois anos a 14 de março. Esta semana, entrevistamos a ativista Eliana Sousa Silva, da Redes da Maré, ONG que funciona no Complexo de Favelas da Maré, onde nasceu e se criou Marielle Franco. Na entrevista, ela fala-nos da trajetória de Marielle, do impacto da sua morte e do contexto político e social do complexo de favelas, que sintetiza o estado de crise e crime do Rio de Janeiro e do Brasil.
Nas eleições legislativas de 1975, foram eleitas 19 mulheres e 231 homens (7,6% contra 92,4%). Mas, desde essa altura, muito mudou no que toca à representação parlamentar. No passado 6 de outubro, foi eleito o Parlamento com o maior número de mulheres de sempre – 86 contra 144 – uma percentagem acima da média europeia.
Mas fará desta a Assembleia da República mais feminista? Ao vivo no Trampolim Gerador, conversámos sobre as diferentes “vagas” do movimento feminista, de feminismo interseccional, de feminismo negro e do que falta fazer em Portugal. Como convidadas, tivemos Alexa Santos, assistente social, mestre em estudos de género, sexualidade e teoria queer pela Universidade de Leeds e diretora do departamento de Género e Feminismos do INMUNE – Instituto da Mulher Negra em Portugal e Manuela Tavares, fundadora e membro da direção da UMAR – União de Mulheres Alternativa e Resposta e doutorada em Estudos sobre as Mulheres pela Universidade Aberta.
As eleições legislativas do passado domingo trouxeram resultados históricos: este será o Parlamento com mais mulheres, com mais partidos e o primeiro com três mulheres negras – Joacine Katar Moreira, Romualda Fernandes e Beatriz Gomes Dias. Ao mesmo tempo, foi eleito um deputado da extrema-direita racista e xenófoba.
Inocência Mata, professora na Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa e Susana Peralta, professora de Economia na Universidade Nova SBE, falam sobre os resultados eleitorais, a formação de governo e a diversidade do novo Parlamento.
Quando, durante o século XIX, a escravatura foi abolida gradualmente em quase todas as ex-colónias dos impérios europeus, os ex-proprietários de escravizados foram amplamente recompensados pelas alegadas perdas financeiras que o movimento poderia trazer-lhes: passar a tratar pessoas como pessoas seria mau para o negócio. Assim, donos de escravizados foram recebendo compensações monetárias ou a possibilidade de utilizarem negros libertos sem remuneração, durante um período de transição. Por outro lado, em quase nenhum caso houve reparação financeira para os ex-escravizados ou para os seus descendentes. Devemos hoje restituir as ex-colónias portuguesas? Foi para discutir este tema que convidámos Inocência Mata, professora na Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa; Luzia Moniz, presidenta da PADEMA – Plataforma para o Desenvolvimento da Mulher Africana; e Solange Rocha, professora no Departamento de História da Universidade Federal da Paraíba.
Entrevista gravada ao vivo, durante o festival Paredes de Coura, com o escritor Valter Hugo Mãe, sobre literatura, cultura, feminismo e racismo. Uma conversa com o autor de livros como “o remorso de baltazar serapião”, vencedor do Prémio Literário José Saramago em 2007; “a máquina de fazer espanhóis”, que venceu o Grande Prémio Portugal Telecom Melhor Livro do Ano e o Prémio Portugal Telecom Melhor Romance do Ano, em 2010, ou os mais recentes “A desumanização”, de 2013, e “Homens imprudentemente poéticos”, de 2016.
Em Moçambique, pouco se fala da guerra, diz Mia Couto. Se se julgasse pela oralidade, achar-se-ia que ela nunca existiu (ou que se esqueceu). “Esquecemos da escravatura, esquecemos do tempo colonial, esquecemos da Guerra Civil.” Caberia, então, à literatura ser a chave para visitar esse falso vazio calado dentro de cada um. Nascido há 64 anos, na Beira, Mia Couto escreve em português, a sua língua-mãe, num país onde menos de metade da população a fala. Ele não poderia escrever noutra língua, diz, mas é por condições estruturais de uma sociedade pós-colonial que nenhum dos escritores que conhece o faz.
A Direção Nacional da PSP diz que o racismo na instituição é um assunto “devidamente escrutinado” e impediu o ex-sindicalista Manuel Morais de falar ao Fumaça que democracia é esta onde quem tem o direito legal de usar a violência sobre as pessoas se recusa a ser escrutinado por órgãos de comunicação social? Editorial escrito por Ricardo Esteves Ribeiro.
Na semana em que o Senado brasileiro votou pela suspensão dos decretos que facilitavam o porte de armas de fogo, assinados em maio pelo presidente, falámos com o antropólogo e escritor Luiz Eduardo Soares. Considerado uma das referências em segurança pública no Brasil, Soares é autor dos livros “Elite da Tropa”, de 2006, e “Desmilitarizar”, lançado em 2019- Foi ainda secretário nacional de Segurança Pública durante o primeiro ano do governo de Lula da Silva e coordenador de Segurança, Justiça e Cidadania do Estado do Rio de Janeiro entre 1999 e 2000.
Celso Lopes é um dos seis residentes da Cova da Moura que alega ter sido torturado na esquadra de Alfragide, na Amadora, em 2015. O caso julga agora 17 agentes da PSP por vários crimes e terá sentença anunciada no próximo 30 de abril. Nesta entrevista, conta como lhe disseram “tu vais morrer, preto do caralho”, “temos que extinguir a vossa raça”. Foi torturado, atingido com balas de borracha, pontapeado, obrigado a deitar-se numa poça com o seu próprio sangue e, para que não sofrer mais agressões, fingiu estar inconsciente.
Manuel Vicente veio para o bairro da Jamaica, no Seixal, há 23 anos. Não tinha outra alternativa. Quando chegou, não havia eletricidade, não havia gás, não havia rede de esgotos, mas havia a vontade de quem não tem outro teto. Pegou em tijolos e construiu um piso novo em cima dos pisos não acabados, mas já ocupados. Desde essa altura que exige da Câmara Municipal do Seixal condições dignas de habitação e realojamento.
Nesta entrevista, falamos sobre essa luta, sobre a história e origens do bairro da Jamaica, de brutalidade policial e do processo de realojamento dos moradores.
James Baldwin, escritor norte-americano, ativista anti-racista, anti-colonialista e anti-imperialista, morreu a 1 de dezembro de 1987. Baldwin foi um dos mais influentes artistas da sua geração e uma das personalidades mais relevantes do movimento pela igualdade dos direitos civis nos Estados Unidos da América, nas décadas de 50 e 60. Passados 31 anos da sua morte, relembramos a sua vida e obra.
Esta entrevista foi realizada para a preparação da segunda edição do Dois Pontos: a atualidade explicada, dedicada a James Baldwin, onde podem ouvir-se excertos da conversa. Acima, têm o bruto da entrevista, na sua totalidade, sem edição. Flávio Almada, também conhecido por LBC, é rapper, membro da Plataforma Gueto, uma plataforma anti-racista, e da Associação Cultural Moinho da Juventude, um projeto comunitário sediado na Cova da Moura, na Amadora.
Esta entrevista foi realizada para a preparação da segunda edição do Dois Pontos: a atualidade explicada, dedicada a James Baldwin, onde podem ouvir-se excertos da conversa. Acima, têm o bruto da entrevista, na sua totalidade, sem edição. Beatriz Gomes Dias é professora de Biologia numa escola do ensino secundário, em Lisboa, e uma das fundadoras da DJASS – Associação de Afrodescendentes.
Esta entrevista foi realizada para a preparação da segunda edição do Dois Pontos: a atualidade explicada, dedicada a James Baldwin, onde podem ouvir-se excertos da conversa. Acima, têm o bruto da entrevista, na sua totalidade, sem edição. Miguel Vale de Almeida é antropólogo, professor e investigador no ISCTE.
Esta entrevista foi realizada para a preparação da segunda edição do Dois Pontos: a atualidade explicada, dedicada a James Baldwin, onde podem ouvir-se excertos da conversa. Acima, têm o bruto da entrevista, na sua totalidade, sem edição. Mamadou Ba é dirigente da associação SOS Racismo, uma organização anti-racista em Portugal.
Em julho de 2017, 18 agentes da PSP foram acusados pelo Ministério Público, numa imputação sem precedentes, dos crimes de falsificação de documento agravado e denúncia caluniosa e de tortura, sequestro, injúria e ofensa à integridade física qualificada, agravados pelo ódio e discriminação racial, contra seis residentes do Bairro da Cova da Moura, na Amadora. José Semedo Fernandes é um dos elementos da equipa de advogados dos ofendidos no processo que agora julga 17 desses 18 agentes. Falou-nos sobre o que se passou a 5 de fevereiro de 2015 – o dia em que tudo isto aconteceu -, da brutalidade policial em vários bairros da periferia de Lisboa, que os torna “zonas de exceção”, e de racismo institucional.
Falámos com a jornalista Joana Gorjão Henriques sobre o racismo existente na sociedade portuguesa e a forma como esta ideologia impregna no nosso quotidiano, o Estado, as ruas e torna tudo mais difícil na vida das pessoas não brancas.
Desde que Nicol Quinayas foi agredida, no Porto, por um segurança privado da empresa 2045, na noite de São João, várias concentrações anti-racismo aconteceram no Porto, em Lisboa, em Braga. Nos meios de comunicação social pergunta-se: “Portugal é um país racista?” e há muita gente que se ofende com a questão.
E as pessoas alvo de agressões racistas? O que sentirão elas, quão magoadas estarão? Falámos com Nicol, a sua mãe e quem se manifesta contra o racismo.
Daniela Mendes é uma das duas amigas de Nicole Quinayas que estava com ela quando foi agredida. Presenciou tudo. Uma conversa em bruto, quando ainda se sabia pouco e a história não tinha vindo a público.
O Bairro Margens do Arunca, de construção municipal, enclausura uma comunidade cigana em Pombal. O IC2, o Rio Arunca, uma zona industrial e uma linha férrea são obstáculos à vida de quem lá mora.
Um debate sobre as comunidades ciganas e o papel da mulher cigana enquanto veículo de mudança, no Festival Política 2018.
Carolina Rocha, poeta brasileira e socióloga, fala de “genocídio” da população negra e da “ameaça de ditadura” no Brasil. Explica ainda como a morte de Marielle Franco é um recado para quem desafia as estruturas políticas do Brasil.
Luzia Moniz, angolana, jornalista, socióloga, presidenta da PADEMA, fala-nos sobre feminismo negro, a importância das zungueiras e da economia informal, de neo-colonialismo e da sua admiração por Winnie Mandela.
Notícias de tiroteios, perseguições de última hora, agressões à polícia e nas escolas. É assim que Chelas é apresentada nos telejornais e nas manchetes dos jornais portugueses. Um antro de violência a menos de dez estações de metro ou 15 minutos de carro da Praça do Comércio, onde turistas queimados pelo sol bebem gins tónicos […]
Mamadou Ba, dirigente da SOS Racismo, falou-nos da cultura de impunidade que se sente nas forças de segurança portuguesa e dos casos de violência policial por que sofrem negros em Portugal.
Conversámos com a Rita Silva, Técnica de Desenvolvimento Comunitário, membro do Bloco de Esquerda e do Habita – Colectivo pelo Direito à Habitação e à Cidade, sobre as famílias que estavam ao abrigo do Programa Especial de Realojamento; sobre quem ficou de fora e que alternativas lhes foram apresentadas; sobre como foram feitas as demolições dos bairros de barracas, e como foram feitos os realojamentos; sobre o Direito à Habitação, e sobre quem tem acesso a ele.
Na “Manifestação: direitos iguais e documentos para todos”, a 13 de Novembro no Martim Moniz, diversas associações, movimentos e milhares de cidadãos reuniram-se pelos direitos dos imigrantes, abafando o contraprotesto mediático do Partido Nacional Renovador.
Conversámos sobre racismo na Cova da Moura, com Flávio Almada, rapper e ativista, também conhecido por LBC. Abordámos a história do racismo e da sua evolução; falámos sobre colonialismo português e a continuidade colonial; sobre a supressão de presunção de inocência dentro dos bairros periféricos e do tipo de cobertura que os media tradicionais fazem destes mesmos bairros, principalmente quando existem casos de brutalidade policial.
Marta Araújo estudou 80 manuais escolares de História em Portugal, desde o 25 de Abril. Quis perceber como os manuais narram o colonialismo, a escravatura; como representam visualmente os africanos e os escravos; como contam a estória das lutas da libertação. Conversámos sobre tudo isso, e sobre o papel que estes mesmos manuais escolares têm na perpetuação da ideia do eurocentrismo em Portugal.
Convidámos a Beatriz Gomes Dias, professora de Biologia no agrupamento de escolas Filipa de Lencastre e ativista e uma das fundadoras das Djass – Associação de Afrodescendentes. Faz também parte da Comissão Política do Bloco de Esquerda. Desta vez, e aproveitando a sua experiência particular como professora negra e na militância política, aprofundámos o racismo […]
Entrevista a Cristina Roldão, socióloga e investigadora do ISCTE-IUL, e Pedro Abrantes, sociólogo e investigador na área da Educação, sobre o impacto da origem africana no sucesso e percurso escolares, o problema português das elevadas taxas de reprovação no 1º ciclo, a segregação prevalente.
Em conversa com a jornalista Joana Gorjão Henriques, questionámos o que os manuais escolares nos contam sobre o colonialismo português. Falámos sobre racismo, escravatura e um passado que se parece varrer para debaixo do tapete.