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Manuel Margarido Tão, especialista em transportes e planeamento regional, não acredita nas intenções dos governantes para a ferrovia nacional: “Houve, deliberadamente, uma vontade de distorcer a mobilidade e focalizá-la no transporte rodoviário para que depois essa mobilidade ficasse cativa de grupos económicos apoiados pelo Poder e pelas direções dos partidos políticos”, acusa. Defende a construção de uma nova Linha do Norte, critica o abandono do projeto de alta velocidade pelos sucessivos governos e acha uma “aberração” a ponte aérea Lisboa-Porto, bem como a falta de ligações de caminhos-de-ferro a Espanha. Para o professor da Universidade do Algarve, só o investimento estrangeiro, com a entrada de operadores europeus, fruto da liberalização do transporte ferroviário de passageiros, poderá salvar a ferrovia em Portugal.
Nesta entrevista, conversamos com Helena Amaro, doutoranda em Arquitetura pela Faculdade de Arquitetura da Universidade do Porto e pelo CHAIA – Centro de História da Arte e Investigação Artística da Universidade de Évora. Falámos sobre a dependência e os apoios ao veículo particular em detrimento dos transportes públicos, da descentralização da gestão dos transportes, da acessibilidade fora dos centros urbanos e da mobilidade como fator de ascensão social.
É imenso o hiato entre a qualidade e diversidade dos profissionais da cultura em Portugal e o financiamento que lhes é disponibilizado, acredita Elisabete Paiva, produtora e programadora. O problema ao nível autárquico e estatal – disse-lhe, algumas vezes, a experiência – não é a falta de dinheiro, mas de visão. A multi-instrumentista e compositora Ana Bento conta como é, por vezes, dura a vida de quem “só” vive da arte e, por escolha, não é nómada. Um debate ao vivo, no Festival Bons Sons, para pensar os principais temas das eleições de outubro.
Para Rogério Roque Amaro, professor universitário, especialista em economia social, o Interior “são todos os territórios que o capitalismo marginalizou, para marcar a sua lógica de crescimento”.
Maria do Carmo Bica, engenheira agrícola, não andará muito distante da análise, quando olha para a forma como os poderes locais fomentam nesses territórios a criação de emprego: “Temos os municípios a instalar parques industriais para capital estrangeiro que vem à procura de mão-de-obra barata. Não é isso de que precisamos no Interior.” De que precisa afinal, quem não vive no litoral urbano? Da regionalização? De mais organizações de base comunitária? De mais Estado? De serviços públicos?
Um debate ao vivo no Festival Bons Sons 2019 para pensar os principais temas das eleições de outubro.
Carlos Cipriano é diretor adjunto do jornal regional Gazeta das Caldas, jornalista no Público e há muito que está atento à situação da ferrovia em Portugal. Onde começou, afinal, a degradação da rede ferroviária nacional? Serão os investimentos anunciados suficientes para devolver o bom serviço e uma lógica de rede aos caminhos de ferro?
Nos últimos 20 anos Portugal perdeu perto de quatro centenas de jornais, revistas e rádios locais. Que importância têm os média locais? Terão futuro? João Carlos Correia, professor na Universidade da Beira Interior, na Covilhã, ensaia algumas respostas.
Conversámos com José Miguel Pereira, engenheiro florestal e investigador, sobre as estratégias de proteção civil, a desvalorização da prevenção, a complexidade de lidar com um território maioritariamente privado e fragmentado, as lógicas nos processos de reflorestação, mas sobretudo, o que não tem sido feito para proteger as florestas e a paisagem rural em Portugal.