Legislativas 2019

Miguel Jerónimo sobre floresta e conservação da natureza

Numa pesquisa no site do Diário da República, procurando pelas palavras “abate de sobreiros”, no período desta legislatura, é possível perceber que os ministérios da Agricultura e do Ambiente, em conjunto, ou isoladamente, autorizaram o abate de, pelo menos, 13.179 azinheiras e 4.321 sobreiros – mais de 70% árvores adultas. Há um dado claro: oito dos 13 abates foram autorizados para a construção ou ampliação de barragens; outros três para ampliação de unidades fabris ou parques industriais. Tanto as azinheiras como os sobreiros são espécies protegidas. Que utilidade tem, afinal, este estatuto?

E as áreas protegidas? Impediram um “certo terrorismo ambiental”. Sem elas, provavelmente, hoje já não existiria uma Ria Formosa tal como  conhecemos e a Costa Alentejana seria “um novo Algarve”, diz o arquiteto paisagista Miguel Jerónimo, membro da direção da associação ambientalista GEOTA – Grupo de Estudos de Ordenamento do Território e Ambiente, onde é coordenador do projeto de gestão e proteção ambiental TerraSeixe, na serra de Monchique, ao longo da Bacia Hidrográfica da Ribeira de Seixe.

No entanto, a sua ação é limitada, acredita. “Os únicos recursos que as áreas protegidas têm é, eventualmente, passar multas; tornam mais difícil, para um investidor, usar certas práticas insustentáveis. Mas elas continuam a acontecer.” Nesta entrevista, falámos sobre a reforma da floresta da atual legislatura, conservação da natureza e gestão de áreas protegidas.

Até ao dia 6 de outubro, vamos estar focados no escrutínio de alguns dos assuntos que consideramos mais importantes à medida que se aproxima a votação que definirá a composição da próxima Assembleia da República e do próximo Governo. Vê toda a nossa cobertura das Eleições Legislativas 2019 aqui.

Citação “As áreas protegidas existem, sobretudo, no papel” substituída a 6 de outubro de 2023 pela indicação do tema da entrevista, no título.

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