Palestina (1/6)

Ramallah, a cidade artificial

[Abaixo podes ler a transcrição de toda a audio-reportagem, incluindo a tradução, para Português, de todas as declarações, citações e diálogos tidos em inglês.

Aisha e Mohammad Wadi viviam em al-Muzayri’a, no norte da Palestina. Uma pequena vila com pouco mais de 300 casas e cerca de 1100 habitantes. Num dia de verão, depois de andarem há mais de um mês a ouvir notícias sobre vários massacres que ocorriam em vilas próximas, e da morte de dois homens da sua própria localidade, decidiram fugir.

Deixaram tudo como estava. Levaram roupas, um colchão, a chave de casa – o suficiente para passar uns dias fora, até que tudo acalmasse. Aisha estava grávida, e caminhou com o seu marido, de vila em vila, até chegar a Ramallah, a 40 quilómetros de distância.

De al-Muzayri’a a Ramallah

Distância, a pé, entre o local onde se localizava a vila de al-Muzayri’a (destruída em 1948) e Ramallah (capital administrativa da Palestina), simulando a viagem feita pela família Wadi. É impossível saber a rota exata que percorreram.

Nunca mais voltaram. O filho, Farouk, nasceu em Ramallah. A chave de casa, ainda a têm. 70 anos depois, é Shahd Wadi, neta de Aisha e Mohammad quem conta esta história:

“Para mim, a Palestina, até há muitos anos da minha vida, não foi mais que a história que os meus pais me contaram. Que os meus avós e os meus tios foram expulsos em 1948, da nossa vila, que se chama al-Muzayri’a (…) e que pensaram que era um assunto só de alguns dias, que quando acalmasse a situação iriam conseguir voltar às suas vila”. – Shahd Wadi

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Fotografia: Revista Via Latina

A história de Aisha e Mohammad é parecida com a de mais de 800,000 pessoas, segundo as Nações Unidas, que durante o ano de 1948 foram expulsas ou tiveram de fugir das suas terras, num período a que os palestinianos chamam de Nakba – catástrofe, em português. Escaparam de intimidações de grande escala, massacres, violações, bombardeamentos, demolições ou fogos postos. Na altura, pensavam que seriam só uns dias até que tudo voltasse ao normal.

“É por isso que a maior parte dos palestinianos saíram das suas vIlanns e levaram a chave. Ainda, até hoje, têm as chaves das suas casas em 1948, que é o símbolo do regresso dos palestinianos”. – Shahd Wadi

O poeta palestiniano Mahmoud Darwish, nascido em 1941, em al-Birweh, povoação ainda mais a norte de al-Muzayri’a, de onde foi obrigado a exilar-se, também em 1948, com a sua família, escreve numa carta anos mais tarde: “Deixámos tudo como estava: o cavalo, ovelhas, o boi, portas abertas, jantar quente, a adhan da tarde e o rádio sozinho – talvez tenha ficado ligado até hoje para transmitir as notícias das nossas vitórias”. Também a família Darwish mantém a chave.

“Eu presumo que o meu pai foi a última pessoa da minha família a ser concebida na nossa vila. E às vezes gosto de imaginar que é por isso que eu tenho esta ligação com um lugar que não conheço e não sei se alguma vez vou conhecer”. – Shahd Wadi

A família de Shahd nunca voltou à terra a que um dia chamou casa. Al-Muzayri’a foi destruída durante a Nakba, como mais de 500 outras vilas palestinianas. Shahd visitou a Palestina em 1998, acompanhada por uma amiga dos pais. Mas não visitou al-Muzayri’a.

“Ela levou-me lá perto e disse: “Shahd, aquela é a tua vIlann”. E pronto, para mim esta foi a máxima aproximação da minha vila. Ver uma montanha lá ao lado e pensar: “É isto que toda a minha vida estiveram a contar-me”. E disseram-me que não posso lá entrar, [só] posso ver dali. Para mim, este momento é muito importante, porque senti o que é ser palestiniana. É ver a tua própria vila, a vila onde nasceram os teus avós e bisavós, na montanha em frente, e não ser permitido de ir lá”. – Shahd Wadi

A família Wadi mudou-se para o Egipto, anos depois do exílio, onde Shahd nasceu.

“Eu nasci no Egipto e vivi a maior parte da minha vida na Jordânia, portanto, eu sou, como a maior parte dos palestinianos, palestiniana porque os palestinianos mantém a identidade palestiniana viva. Cada um diz aos filhos que é palestiniano para saber que são palestinianos”. – Shahd Wadi

Setenta anos mais tarde, a Palestina é, para muitas pessoas, o país ao qual esperam voltar um dia. Em Setembro de 2017, fomos perceber como vive a Palestina ocupada. Estivemos 10 dias entre Ramallah, Belém, Hebron e Jerusalém.
Hoje iniciamos a série documental “Palestina, histórias de um país ocupado”, dividida em cinco episódios. Contamos agora a história de uma ocupação através das vozes de quem lhe resiste.

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Aterrámos em Telavive, capital de Israel, sem sabermos bem o que esperar. Várias pessoas com quem falámos para preparar esta viagem tinham-nos avisado de que a entrada em Israel podia não ser fácil. Ouvimos histórias de interrogatórios de 4 horas. Pelo sim, pelo não, decidimos apagar o histórico de todas as mensagens trocadas com Palestinianos e qualquer pista de que iríamos viajar para a Cisjordânia – ou West Bank, em inglês – território Palestiniano. O gravador ficou também em Lisboa, por ser mais indiscreto. E por isso, toda esta série foi gravada com um telemóvel e um filtro para o vento.

Passámos pela segurança e, em menos de 30 minutos, estávamos cá fora. À saída do Aeroporto Internacional Ben Gurion, vimos uma enorme bandeira Israelita, azul e branca, estrela de David ao centro, e em letras garrafais uma mensagem de boas-vindas: “Welcome to Israel [Bem-Vindos a Israel]”.

O estado de Israel nasceu a 14 de Maio de 1948, quando Ben Gurion, judeu polaco, assinou a Declaração da Independência, que o próprio ajudara a escrever. Ben Gurion ficou conhecido como “o pai de Israel” e foi o primeiro Primeiro-Ministro do país . Mas a ideia do estado de Israel começou muito antes de 1948. Em 1882, Leon Pinsker, um médico judeu, também polaco, escrevia no seu livro “Auto-Emancipação”: “O povo judeu não tem uma pátria, mas várias; (…) Têm casa em todo o lado, mas não têm casa em lado nenhum”. Pinsker referia-se à repressão e perseguição secular deste povo, que acontecia praticamente desde o início da sua existência.

Poucos anos mais tarde, a ideia de um estado para o povo judeu começa a ganhar forma. Em 1896, Theodor Herzl escreve um livro que ficará para a história. O “Der Judenstaat”, ou “Estado Judaico”, em português, abria o prefácio com a seguinte frase: “A ideia que desenvolvi neste panfleto é já antiga: é a restauração de um estado judaico”. E assim começou o sionismo, uma ideologia que defende o movimento do povo judeu para uma só terra, com o objetivo de criar um estado onde pudessem ser livres. Esta ideia tornou-se especialmente importante durante a II Guerra Mundial onde o Holocausto levou ao extermínio de cerca de dois terços da população judaica na Europa – 6 milhões – e ao exílio de outras centenas de milhares.

No entanto, uma questão fundamental mantinha-se: onde poderia este Povo ter o seu estado? Havia várias hipóteses. No seu livro, Herzl, apontava duas: “devemos nós escolher a Palestina ou a Argentina? Devemos aceitar aquilo que nos é dado, e o que é escolhido pela opinião pública judaica. A sociedade determinará ambos os pontos. A Argentina é um dos países mais férteis do mundo, estende-se por uma área vasta, tem uma população dispersa e um clima ameno”.

Mas a Palestina tinha uma justificação religiosa histórica. É David Ben Gurion que o explica, numa conferência na Universidade da Califórnia em Los Angeles, nos Estados Unidos:

“Durante estes 1800 anos, todos os judeus consideram a terra de Israel como o seu país porque nós acreditamos na bíblia e lemos quando éramos crianças que Deus prometeu dar esta terra a Abraão e aos seus filhos” – David Ben Gurion

Nesta altura, a Palestina estava ocupada pelo império Otomano, do qual se viria a libertar no final da Primeira Guerra Mundial, em 1918. O colapso do império Otomano deixaria a Palestina soberana, não fossem as determinações da Sociedade das Nações, organização que tinha o objetivo de manter a paz do mundo e mais tarde daria origem à atual ONU. No seu documento fundador lia-se que a Palestina: “está habitada por povos que não são capazes de governar-se a si próprios tendo em conta as extenuantes condições do mundo moderno”. E, por isso, foi entregue ao império britânico.

Mas este processo já vinha detrás, em 1917, lia-se já numa declaração oficial do governo britânico: “O governo de Sua Majestade encara favoravelmente o estabelecimento, na Palestina, de um Lar Nacional para o Povo Judeu, e empregará todos os seus esforços no sentido de facilitar a realização desse objetivo”.

Ilan Pappé, historiador israelita que entrevistámos em Lisboa, este maio, diz:

“Há 100 anos, os britânicos prometeram algo que não lhes pertencia e deram a quem não lhes pertencia. A importância desta declaração é que, de facto, ofereceu uma base para legitimação internacional da colonização da Palestina e a desapropriação dos palestinianos que aconteceu mais tarde. Isso é que é o mais importante”. – Ilan Pappé

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Fotografia: Hossam el-Hamalawy

Essa legitimação internacional veio mais tarde, quando a Organização das Nações Unidas (ONU), criada dois anos antes, repartiu o território palestiniano em dois. Já muitos judeus tinham emigrado para a Palestina, desde o final do século XIX, mas só com a resolução 181 da ONU, aprovada em 1947, é que o território foi dividido. Na altura, ⅔ da população era palestiniana, e ⅓ era judaica. Ainda assim, a ONU deu 56% da Palestina aos judeus, e 44% aos palestinianos. A Nakba começava aí.

“Como a Grã-Bretanha se tornou o poder em vigor e o poder em vigor entregou o problema da Palestina às Nações Unidas, então começou a internacionalização da questão da Palestina, de uma maneira que criou um desequilíbrio. Os palestinianos, que era um povo normal a viver naquela terra, de repente tiveram de explicar ao mundo o porquê de rejeitarem resolver o problema judeu no mundo na sua terra. E eles tinham muito pouco a dizer, na realidade. Disseram: “Bem, visto que esta é a nossa terra, porque é que devemos nós pagar o preço por aquilo que vocês fizeram aos judeus na Europa?” – Ilan Pappé

A 29 de Novembro de 1947, o plano de partilha da Palestina era votado na Assembleia Geral da ONU. 33 países votaram a favor. 13 contra. 10 abstiveram-se. Portugal ainda não tinha sido aceite na organização, o que só aconteceria em 1955.

O maior crime da Organização das Nações Unidas foi, desde o início, as pessoas que estavam envolvidas na organização perceberem que a partilha da terra é um projeto que um movimento de libertação nacional não pode aceitar. Por exemplo, eles nunca sugeririam aos argelinos partilhar a Argélia entre os colonos franceses e os argelinos locais. Eu acho que as Nações Unidas estavam perfeitamente cientes de que o que tinham proposto não era uma solução para a paz mas uma legitimação para a criação de um estado judaico com a esperança de que uma compensação para os palestinianos poderia resolver o problema. Acho que eles já sabiam dois dias depois da resolução de partilha ser aceite, que esta não seria uma receita para a paz, mas uma receita para o desastre, e acho que as Nações Unidas tiveram uma importante responsabilidade por saberem exatamente o que se estava a passar e não fazerem nada acerca disso”. – Ilan Pappé

Mas o plano de colonização da Palestina ia já sendo posto em prática muito antes. Leo Motzkin, líder Sionista, escrevia em 1917: “O nosso pensamento é que a colonização da Palestina tem de ir em duas direções: um colonato judaico na Terra de Israel e uma deslocalização dos Árabes da Terra de Israel para fora do país. A transferência de tantos árabes, à primeira vista, pode parecer inaceitável economicamente mas é todavia prática. Não requer demasiado dinheiro deslocalizar uma vila Palestiniana para outra terra”. As autoridades judaicas chamavam-lhe “transferências populacionais”. Ilan Pappé chama-lhe “limpeza étnica”

Limpeza étnica é um conceito muito claro do ponto de vista do direito internacional, do ponto de vista da investigação histórica, e significa um ato de purificação de um espaço étnico misto e e a sua transformação num espaço que pertence a apenas um grupo étnico. Por outras palavras, não é o único sítio do mundo e não é a única altura da história em que um grupo étnico decide usar uma razão qualquer e qualquer meio à sua disposição para se desvencilhar de um outro grupo étnico. E quando este tipo de ideologia é empregue, chamamos limpeza étnica. E essa foi a primeira razão porque usei o termo. A segunda razão foi porque fiquei surpreendido pelo facto da palavra “limpeza” – não “limpeza étnica”, mas “limpeza” – ser usada várias vezes por comandantes e soldados israelitas para descrever o que eles fazem na Palestina em 1948. Eles disseram abertamente: “Limpamos a Galileia, limpamos esta parte da Palestina, limpamos na cidade de Jaffa, a cidade de Haifa. E explicam exatamente o que limpeza significa: esvaziar das populações indígenas locais”. – Ilan Pappé

O que se seguiu, já sabemos, foi a destruição de mais de 500 povoações, e a expulsão de metade da população palestiniana – cerca de 800,000 pessoas, como aconteceu com Aisha e Mohammad, avós de Shahd Wadi.

A contínua ocupação e as guerras que se deram nas décadas seguintes foram roubando cada vez mais território aos palestinianos, principalmente depois da Guerra dos 6 dias. Nesse conflito entre Israel e Egito, Síria, Jordânia e Palestina, em 1967, o estado hebraico passou a controlar ainda mais terra, parte dela até aos nossos dias, numa clara violação do direito internacional. Hoje, o estado israelita detém mais de 70% do território, a Palestina controla menos de 30%.

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Plano de partilha de território proposto pela Organização das Nações Unidas (ONU) em 1947 e aprovada pela assembleia geral da ONU.

De volta a Telavive.

Eram 9 da manhã quando nos pusemos a caminho da Cisjordânia, território Palestiniano. Íamos para Ramallah, a capital administrativa. Ramallah é também onde se encontra a sede da Autoridade Palestiniana, entidade que atualmente governa aquele território, liderado por Mahmoud Abbas, presidente desde 2005. Íamos encontrar-nos com Jamal Juma, ativista palestiniano, com quem falámos por email, ainda em Portugal.

Em Telavive, a presença de soldados israelitas era constante. Nas ruas, nos cafés, nas estações de metro, ou mesmo dentro do autocarro, sentados no banco do lado. Homens, mulheres, todos nos seus 20 anos, de farda verde tropa, botas castanhas, sorriso na cara e espingarda ao ombro.

Sabíamos que seria uma longa viagem. De Telavive a Jerusalém de autocarro, de uma ponta de Jerusalém à outra de táxi, e num outro autocarro de Jerusalém a Ramallah.

Na cidade sagrada, o taxista que nos levou fala-nos do pouco que conhece de Portugal.

Motorista– De onde são?
Ricardo – De Lisboa, Portugal.
Motorista – Ah, Lisboa.
Ricardo – Já lá esteve?
Motorista – Não. Há muitos anos, futebol, Eusébio. Conhecem o Eusébio?
Ricardo – Sim.
Motorista – Eu lembro-me dele, a jogar futebol, em Portugal. É isso que sei sobre Portugal

Neste autocarro já não há soldados israelitas, mas ainda assim vemos vários uniformes. São crianças e adolescentes, quase todas raparigas, vestidas com a farda azul da escola. Falam e riem entre si.

Algum tempo depois de sairmos de Jerusalém, o autocarro pára.

Ricardo – Neste momento estamos parados no checkpoint a caminho de Ramallah no autocarro, acho eu que à espera que nos deem autorização para passar. Está toda a gente sentada, ninguém se levantou, e continuamos à espera. Os militares do outro lado olham para nós e falam entre eles, mas ainda ninguém aqui veio.
Maria – Não sei se era suposto vir por aqui.
Ricardo – Entraram agora dois polícias no autocarro. Não faço ideia se é suposto nos levantarmo-nos ou não, mas… Tiras os passaportes? Estão a pedir o passaporte a algumas pessoas, aleatoriamente, ao que parece. Tens aí o nosso visto?
Maria – Está na minha carteira.
Ricardo – Acho que está aqui ao lado direito, na carteira… Agora estão a ver o passaporte de uma das pessoas. Acho que não é israelita nem palestiniano.
Soldado – De onde são?
Ricardo – Portugal. Foram-se embora agora. Acho que… acho que já acabou, vamos passar.

O principal posto de controlo, ou checkpoint em inglês, que separa Jerusalém da Cisjordânia, é o de Qalandia. Tínhamos acabado de o passar. Antes num placar vermelho, escrito em hebraico e em inglês, tínhamos lido: “A entrada de cidadãos Israelitas é proibida, perigoso para as vossas vidas e contra a lei Israelita.

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A vila de Qalandia fica a pouco mais de 13 kms de Jerusalém. Alberga um dos principais postos de controlo do exército Israelita, marcado por um muro, em parte de betão, que se estende ao longo de todo o território, separando a Cisjordânia (ou West Bank) de Israel.

Falaremos mais em detalhe sobre este muro, que começou a ser construído em 2001, no próximo episódio desta série. Para já, o que importa saber é que a passagem de um lado ao outro do muro é feita apenas em locais específicos, o que significa que o trânsito se acumula brutalmente de um lado e do outro com pessoas a quererem passar.

Mas nem todos os palestinianos podem cruzar esta espécie de “portagem”. Só quem detém um cartão de identificação, de uma determinada cor, pode chegar ao lado de lá. Palestinianos que vivam na Cisjordânia não podem viajar para Jerusalém ou mesmo para Israel a não ser que obtenham uma autorização por parte das autoridades israelitas. Assim, todos os veículos e pessoas que passam no checkpoint de Qalandia, ou em qualquer outro, podem ter de apresentar a sua identificação, ser revistadas, ou interrogadas.

Os milhares de palestinianas e palestinianos que atravessam este posto de controle todos os dias de manhã, para trabalhar, sabem que a travessia pode demorar horas. São obrigados a passar por uma jaula de metal, numa fila única, que se estende ao longo de um estreito corredor. Ao fundo, está uma porta torniquete de metal que os deixará prosseguir, um de cada vez, sempre vigiados pelas autoridades israelitas.

Por saberem da longa espera que as aguarda, são centenas as pessoas que, diariamente, fazem fila a partir das três, quatro da manhã. O ambiente entre a multidão é sufocante e pelo meio da confusão já houve até quem morresse. Como foi o caso de Ahmad Samih Bdeir, morto por esmagamento no checkpoint de Tulkarem, em 2014, como noticiou a Ma’an News Agency.

Em todo o West Bank, há centenas de checkpoints, permanentes ou temporários – não se sabe exatamente quantos. Em estradas, ao longo do muro, mas também pelas ruas das vilas e cidades Palestinianas, onde se criam barreiras físicas no dia-a-dia dos seus habitantes. Pode ser a meio de uma ida ao supermercado, ou no caminho de uma criança para a escola. A verdade é que os postos de controlo estão quase sempre presentes. Para o governo de Israelita a fiscalização é feita por razões de segurança. Para o povo Palestiniano, o aparato militar só serve para o humilhar e afirmar a superioridade de Israel.

“E agora do outro lado do checkpoint vê-se uma fila gigantesca de carros, à espera de passar”. – Ricardo Ribeiro

Do lado de Israel, o muro era todo cinzento, de betão, com cerca de oito metros de altura. Do lado Palestiniano, servia como tela de protesto político, com grafitis de alguns rostos que marcaram a resistência Palestiniana. Mal se passa o checkpoint, olhando para trás, vêm-se dois retratos no muro: Marwan Barghouti, preso em 2002, condenado a cinco penas de prisão perpétua por atos de terrorismo e pelo assassínio de 26 pessoas. Marwan negou todas estas acusações; e Yasser Arafat, primeiro líder da Palestinian Authority (ou Autoridade Palestiniana), o governo interino da Palestina, criado em 1994, na sequência da assinatura dos acordos de Oslo, que vamos explicar num episódio mais à frente nesta série.

O Primeiro Ministro Israelita na altura, Yitzhak Rabin, o Ministro dos Negócios Estrangeiros israelita, Shimon Peres (que mais tarde seria primeiro-ministro e Presidente), e Yasser Arafat receberam o prémio Nobel da paz, nesse ano.

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Jamal Juma recebeu-nos à chegada a Ramallah.

“Nós sabemos – e toda a gente sabe – que Israel não quer ter paz com os palestinianos e não quer dar aos palestinianos qualquer direito. É tão claro por aquilo que eles estão a fazer no terreno, solidificando o projeto colonial. O número de colonos tem vindo a crescer na Cisjordânia, desde 1993 até hoje. Costumavam ser 280.000 colonos. Agora estamos a falar de 750.000 colonos. Estão a triplicar várias vezes, ocupando a terra palestiniana, sufocando os palestinianos num sistema de gueto construindo um muro”. – Jamal Juma

Os settlers ou, em português, colonos, são, neste caso, as pessoas que ocuparam pedaços de terra que legalmente pertencem aos territórios Palestinianos, como a Cisjordânia, a Faixa de Gaza e Jerusalém Oriental. Estas ocupações violam o direito internacional e são consideradas crime de guerra pelo “Tribunal Penal Internacional ”. Segundo a Amnistia Internacional, em 2001, antes da construção do muro, existiam mais de 300.000 colonos. Hoje, superam os 600.000.

“É muito claro que, Israel, desde 2002 que, na sua opinião, querem uma solução que os palestinianos aceitem que é um sistema de escravatura, um sistema de apartheid que têm conduzido no território palestiniano”. – Jamal Juma

A palavra apartheid é habitualmente usada para descrever o regime político em vigor na África do Sul, entre 1948 e os anos 90, que institucionalizou o racismo e a segregação racial, reprimindo pessoas negras em benefício de uma minoria branca. A palavra apartheid vem do Afrikânder (uma língua sul-africana vista como a língua do opressor) e significa “separação, segregação”.

Em Março de 2017, a Comissão Económica e Social para a Ásia e o Pacífico da ONU publicou um relatório concluindo que, e cito: “Israel estabeleceu um regime de ‘apartheid’ que domina o povo palestiniano como um todo”. O relatório acabou por ser retirado porque, segundo a ONU, – e cito – “não reflete as visões do secretário-geral”, o português António Guterres.

“A luta do povo levará à defesa da liberdade e da libertação, tal como aconteceu na África do Sul. Sem a defesa dos sul-africanos feita pelo povo, acho que estariam, ainda hoje, sob regime de apartheid”. – Jamal Juma

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Jamal Juma é um ativista Palestiniano defensor dos direitos humanos e coordenador da campanha Stop the Wall – em português, “Parem o Muro”. Jamal tem organizado protestos na Cisjordânia e tem também coordenado uma campanha internacional contra a ocupação israelita e contra o muro a que chama de “muro do apartheid”.

Em Dezembro 2009, Jamal foi preso pelas autoridades israelitas depois da sua casa ter sido revistada durante horas pelas forças militares. Esteve detido num centro de interrogação militar sem direito a advogado, durante vários dias. Foi libertado um mês depois sem qualquer acusação formal e na sequência de uma campanha internacional que pedia a sua libertação.

A Amnistia Internacional dizia, na altura, que receava que Jamal Juma, e 2 colegas seus da “Stop The Wall” entretanto também presos, seriam prisioneiros de consciência, citando, “presos por legitimamente expressarem a sua oposição ao muro”.

Jamal levou-nos para casa de um amigo seu, Jafar, também ele ativista Palestiniano em tempos perseguido pelas autoridades israelitas. Contou-nos que há pouco mais de uma década, teve de esconder-se nas montanhas da Cisjordânia durante dois anos, fugindo assim das tropas Israelitas que o perseguiam.

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Jafar e a família receberam-nos com chá, comida e shisha para fumar. O filho mais novo, Basil, oito anos, vestia uma camisola do Real Madrid com o nome de Cristiano Ronaldo nas costas. A filha, Mariam, 16, dizia-nos que queria estudar na europa e aprender Espanhol. Convidam-nos a ficar lá em casa naquela noite. Depois do jantar, Jafar, leva-nos a uma das varandas de sua casa.

Maria – Olha, outra varanda.
Ricardo – Isto muito porreiro.
Jafar – O aeroporto está ali. O aeroporto de Telavive. Conseguem ver as luzes ali?
Ricardo – Então, Telavive é ali?
Jafar – Vê um prédio com algumas luzes, muitas luzes, luzes pequenas.
Ricardo – Mas nós demorámos mais de 1 hora.
Jafar – Se virem bem, conseguem avistar muitas luzes, luzes pequenas. É Telavive, e ali é o aeroporto. Depois disso, vêem uma luz – é um avião a ir para o aeroporto.
Maria– Já viste a volta que nós tivemos de fazer. Tivemos de fazer uma hora, depois mais outra hora. E é tipo ali! Ao lado!
Ricardo – Nós demos uma volta gigantesca para chegar ali.

De Telavive a Ramallah

Simulação do percurso entre Telavive e Ramallah, de transportes públicos, no Google Maps.

As distâncias na Palestina têm medidas diferentes das portuguesas. De Telavive a Ramallah, em linha reta, são cerca de 45 kms. Os mesmos que do Porto a Braga. Só que numa viagem do Porto a Braga demoraríamos, de autocarro, pouco mais de uma hora, e de Telavive a Ramallah demorámos quase quatro. A grande razão é que o muro da separação não só nos faz dar voltas à procura do buraco por onde se pode passar, como faz com que o trânsito seja tão caótico que tudo é mais lento, mais difícil.

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Ricardo – Qual é o significado da chave?
Jafar – A chave significa que queremos voltar à nossa terra em 1948. Israel roubou-nos a nossa terra e as nossas casas. Esta é a nossa chave de casa na nossa terra.
Ricardo– Então todas as famílias palestinianas têm a chave?
Jafar – Sim, porque acreditam que vão voltar à sua terra

A chave está pendurada nos retrovisores dos carros, nas paredes das casas, nos porta-chaves, em estátuas nas ruas. Simboliza o retorno a casa, às vilas que foram abandonadas em 1948, durante a Nakba. Quase todas as famílias as guardam, na esperança de um dia poderem voltar.

Maria – Onde vamos agora?
Jafar – Vamos tomar o pequeno almoço ao Lulu.
Maria – Lulu.
Jafar – O Lulu faz hummus, baba ganoush e falafel. É um pequeno almoço palestiniano muito famoso. E o Lulu é muito famoso em Ramallah e Al-Bireh.
Ricardo – É um restaurante?
Jafar – Sim. Um restaurante pequeno mas com muita gente. Só está aberto cinco horas porque hummus e ful são para o pequeno almoço. Não para o almoço ou para a noite.

Ramallah podia ser uma cidade ocidental, da Europa, não fosse o cheiro a café e especiarias, durante o dia. Ou a shisha, já de noite, nos bares que estão abertos até tão tarde como no Bairro Alto, em Lisboa. Também aqui se bebe cerveja nas ruas – neste caso, a Taibeh, uma marca palestiniana – dança-se em bares ou discotecas ao som de música eletrónica e usam-se jeans e vestidos curtos. De manhã, o trânsito é tão caótico como no Porto – as buzinadelas ouvem-se de todos os lados.

Jafar – Esta é uma mesquita muito antiga, para os muçulmanos rezarem. É muito antiga.
Ricardo – É por isso que têm os megafones?
Jafar – Eles construiram uma nova mas esta tem 1000 anos.
Maria – És religioso, Jafar?
Jafar – Não. Tu?
Maria – Não.
Jafar – Este é o sítio onde vamos tomar o pequeno almoço, mas nós precisamos de ir buscar pão.
Ricardo – Como se diz pão?
Jafar – Khubz

Lulu é o pequeno café onde fomos tomar pequeno-almoço. Entre pratos de falafel, tomate, pickles, cebola, hummus e baba ganoush, a conversa com o Jamal foi sobre o que é o “sonho palestiniano” de que nos tinha falado no dia anterior.

“A dignidade é uma das coisas mais importantes porque pessoas estão zangadas. Estão desumanizadas, humilhadas. Então o sonho é voltar a ter o seu país. Nós sabemos que o nosso país é muito bonito. As pessoas são muitos boas, muito simpáticas. A solidariedade é alta. Amam o mundo, mas eles (estado de Israel) destroem todos os aspetos da nossa vida. Só a complicam. Nós precisamos de ter de volta a nossa terra, a nossa humanidade, a nossa dignidade. Queremos viver livres, como qualquer outro povo. Este é o sonho, o sonho é centrado nisto. Temo-lo na nossa vida, no nosso dia a dia. Este é o nosso sonho. Não consigo imaginar ninguém, no século XXI, a sofrer escravatura desta maneira. Eles querem continuar a controlar-nos, a pressionar-nos, a matar-nos e a dizer que nós não pertencemos aqui, ao nosso país, ao nosso destino”. – Jamal Juma

Segundo dados deste ano da Amnistia Internacional, desde 1987, morreram mais de 1.400 Israelitas às mãos dos palestinianos. No mesmo período, mais de 10.200 palestinianos foram mortos por forças israelitas — 7 vezes mais. Em 2016, segundo a Human Rights Watch, as forças de segurança israelitas mataram 94 palestinianos. Já estes mataram 11 Israelitas. Em 2017, a Amnistia relata a morte de 14 israelitas e 76 palestinianos, afirmando que “alguns palestinianos foram mortos ilegalmente quando não representavam ameaça à vida”.

Foi o caso de Yasser Murtaja, jornalista palestiniano que se encontrava a cobrir “A Marcha do Grande Retorno”, um protesto não armado que levou milhares de palestinianas e palestinianos até à fronteira da faixa de Gaza com Israel, exigindo o fim da ocupação israelita. Yasser vestia um colete azul, claramente marcado com a palavra “PRESS” (imprensa, em português), e foi morto por um sniper do exército israelita, com um tiro no abdómen. Durante este protesto semanal, que começou em Abril deste ano, mais de 50 palestinianos foram mortos durante 6 semanas e milhares ficaram feridos.

O Ministro da Defesa israelita, Avigdor Lieberman disse, depois da morte de Yasser (e de outras 30 pessoas nesse dia), que “não existem pessoas inocentes da faixa da Gaza”, sugerindo que qualquer civil pode ser morto – incluindo jornalistas.

Maria – O que achas que devia acontecer a Israel?
Jamal – Israel tem alternativas. Mais do que nós. Todas estas pessoas vieram de fora, de vários países por todo o mundo e concentraram-se aqui na Palestina. Eles têm a escolha de ir de volta para a suas terras, os seus países. E também têm outra alternativa: parar com o seu racismo e parar de lidar com as pessoas desde cima e reconhecer os direitos das pessoas aqui na sua terra, e pedir desculpa. Aí, tenho a certeza que aceitaremos viver em conjunto nesta terra”.

Há décadas que a maioria da comunidade internacional – incluindo a Autoridade Palestiniana e o governo de Israel – dizem acreditar na chamada “two-state solution”, ou “solução de dois estados”, em português. O que significa que o caminho para a paz terá de passar por dividir o território em 2 estados: um para Israel, outro para a Palestina. Jamal acredita ser possível viver em conjunto com Israel.

“O melhor para o futuro é as pessoas aqui aceitarem viver num estado só, juntas, num estado democrático. Um homem, um voto. Numa democracia que poderemos partilhar. Nós, os palestinianos, aceitaremos isso de bom grado. Mas não aceitaremos viver como escravos na nossa terra e isso é o que que eles querem fazer. Eles querem que limpemos as suas estradas, o seu lixo, e nós não iremos fazer isso. Não vamos ser outros indígenas americanos. É simples. Se eles querem que sejamos outros indígenas americanos, nós não seremos”. – Jamal Juma

A história das populações indígenas da américa do norte é parecida com a da Palestina. Pelo menos, é isso que também diz Ilan Pappé, historiador israelita:

“Tanto o movimento sionista como os colonos que criaram o Estado moderno dos Estados Unidos da América fazem parte de um fenómeno que se chama “colonialismo baseado em assentamentos”. Isto é quando as pessoas são forçadas a sair da Europa enquanto os colonos criam a sua nova terra, e usualmente encontram as suas terras onde pessoas já vivem. E depois, o que fazem é livrar-se das pessoas locais, para criarem uma nova identidade. Neste aspeto, há parecenças na maneira como os colonos brancos trataram os indígenas americanos e como os sionistas trataram os palestinianos”. – Ilan Pappé

Maria – Nós estamos agora no escritório do Jamal Juma, no escritório do Stop The Wall, e estamos a tentar ver se conseguimos ir para Belém, que será a nossa próxima paragem, e vamos visitar um campo de refugiados e ficar lá a dormir. Mas entretanto, estamos aqui já há bastante tempo à espera a tentar falar com as pessoas que estão em Belém porque um dos ativistas com quem nos vamos encontrar foi preso e, por isso, aparentemente, as pessoas com quem nós íamos falar estão todas no tribunal. Por isso estamos agora à espera para ver o que acontece.

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Maria – Jamal, podes explicar-nos o que disseram as pessoas de Belém? O que se está a passar?
Jamal – Há um ativista em Hebron, o coordenador da Youth Against Settlements, Issa Amro. As autoridades prenderam-no porque ele publicou algo no Facebook em defesa de uma rádio que tinha sido fechada. Eles prenderam-no e hoje existe audiência no tribunal, por isso a maior parte dos ativistas estão lá.
Ricardo – Então, as pessoas de Belém foram para tribunal?
Jamal – Sim, os ativistas foram para o tribunal.
Ricardo – Também era suposto reunirmos com o Issa Amro, falámos com ele no Facebook.
Jamal – Ele está na prisão.
Maria – O que é que ele publicou que era proibido, sabes?
Jamal – Não sei exatamente, não li. Talvez em defesa de uma rádio que foi fechada pelas autoridades. Ele publicou algo contra a Autoridade.
Ricardo – Mas ele foi detido pelas autoridades israelitas ou pela Autoridade Palestiniana?
Jamal – Pela Autoridade Palestiniana.
Ricardo – O que achas que as pessoas em Ramallah e no resto da Palestina pensam em relação ao governo?
Jamal – Nós temos um problema sério com a Autoridade Palestiniana. A Autoridade Palestiniana foi estabelecida pela OLP (Organização para a Libertação da Palestina) em 1995 ou 1993, para ser o órgão administrativo neste período transformacional até 1999, que terminaria, supostamente, com o estabelecimento do Estado da Palestina. Mas, na verdade, a autoridade tem continuado até agora, depois de 18 anos. Por um lado, tornou-se uma autoridade sob ocupação. Ou seja, está a legitimar a ocupação e a continuar o que eles estavam a fazer.

“Eles estão a usar a Autoridade Palestiniana como colaboradores. Estão a trabalhar para a segurança de Israel, a proteger os israelitas e contra a sociedade palestiniana que queira fazer qualquer revolução ou Intifada, ou organizar-se num movimento. Então, estamos a enfrentar este sistema policial. Tornou-se num estado de autoridade, como um regime autoritário. Acho que a Autoridade Palestiniana, nesta performance, é contra o “Sonho Palestiniano”, as vidas palestinianas, a sua auto-determinação…” – Jamal Juma

Enquanto esperamos por mais notícias de Belém, visitamos a Farmers Union, uma associação de defesa de agricultores na Palestina. Dawood Hamoudeh é um dos seus membros.

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Dawood – Olhem pela janela. Conseguem ver o muro. Vejam, o aeroporto ali, entre os prédios. Vejam aqui este prédio em construção à vossa direita. Olhem para a esquerda dele e conseguem ver o muro cinzento.
Maria – Ah, sim.
Dawood – A fronteira é uns quilómetros ao lado. Conseguem ver uns prédios ao longe? Três prédios? É Jerusalém ocidental. Devia ser mais perto deles.
Ricardo – Porque quando eles começaram a construir o muro, fizeram-no para além da fronteira oficial?
Dawood – Sim, fizeram o muro aqui, e quando o fizeram tentaram confiscar o máximo possível de terra.

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Ricardo – Dirias que Ramallah é a cidade mais desenvolvida?
Dawood – A mais artificial, não a mais desenvolvida.
Ricardo – Porquê?
Dawood – Porque aqui é o centro político, o centro económico, o centro das ONGs [Organizações Não-Governamentais]. Tens todas estas pessoas que têm um bom rendimento comparado com outras regiões, a gastar dinheiro.
Ricardo – Então se nós visitássemos só Ramallah teríamos uma visão muito diferente de se viajássemos para outras cidades?
Dawood – Sim, vês todos estes restaurantes da moda, bares, prédios, discotecas, ginásios…

Ramallah, a cidade artificial. A cidade dos bons salários nas organizações não governamentais internacionais, dos restaurantes da moda, das discotecas e dos bares. Tem até internet wi-fi gratuita no centro da cidade, a “Ramallah Smart City wifi”. Durante a manhã, conversei com a Maria sobre como a ocupação era uma coisa diferente do que tinha lido antes de chegar. Mais abstrata. Menos crua. Mas isso estava prestes a mudar…

No próximo episódio vamos até Belém, onde estivemos no Aida Camp, um campo de refugiados palestinianos.

A série “Palestina: histórias de um país ocupado” é escrita pela Maria Almeida pelo Ricardo Ribeiro. Editada pelo Pedro Santos. A edição de som é feita pelo Bernardo Afonso. A música é dos Lotus Fever. Durante este episódio, ouviste também as musicas “The night has fallen down”, de Rim Banna, “Rajeen Ya Hawa“ e “Bikarm Elloulou” de Fayrouz e “Masar”, de Le Trio Joubran.

Bernardo Afonso, Frederico Raposo, Maria Almeida, Pedro Miguel Santos, Pedro Zuzarte, Ricardo Esteves Ribeiro, Sofia Rocha e Tomás Pereira

Fotografia: José M. Ruibérriz

Até já.

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