José Semedo Fernandes sobre a Lei da Nacionalidade

Hoje, quem nasce em Portugal não é automaticamente português. Segundo a lei, quem nascer em território português apenas tem a nacionalidade se tiver pai ou mãe portuguesa, ou se os seus os seus pais forem estrangeiros e “aqui residam com título válido de autorização de residência há, pelo menos, 6 ou 10 anos, conforme se trate, respectivamente, de cidadãos nacionais de países de língua oficial portuguesa ou de outros países”.

A Lei da Nacionalidade, implementada em 1981 (e com algumas alterações feitas recentemente, em 2006) tem como um dos seus autores Almeida Santos, ele que disse, sobre o seu papel no processo de descolonização: “Era tudo português. Mário Soares e Vasco Gonçalves pediram-me uma lei generosa. Respondi: ‘Não faço. Só tinha nacionalidade quem pelo menos era bisneto de português pelo nascimento. Senão o país ia ao fundo.’”

Milhares de pessoas sofreram e sofrem ainda hoje impactadas por uma lei que os trata como imgrantes na terra onde nasceram. Diz-lhes que terão de submeter-se ao processo exigido pelo Serviço de Estrangeiros e Fronteiras até serem considerados imigrantes legais caso queiram ter parte dos seus direitos assegurados, ou a qualquer altura poderão ser deportados para uma terra que nunca pisaram,

Conversámos sobre isso e sobre como esta lei pode mudar; sobre casos de pessoas que perdem a nacionalidade; sobre como conduzir sob o efeito do alcool (entre outros crimes) pode fazer com que alguém veja para sempre negado o direito a ser português; e como hoje o processo de deportações em Portugal expulsa centenas de pessoas do país.

A 6 de outubro de 2023, alterou-se o título deste artigo substituindo a citação “A Lei da Nacionalidade é a pior das atrocidades que Portugal cometeu contra os jovens nascidos em Portugal” pelo tema da entrevista.

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