“Mais Comunidade, menos Fumaça”, por Joana Teresa Batista

Este texto foi lançado originalmente na nossa newsletter. Se quiseres receber estas crónicas, recomendações de reportagens, podcasts e filmes no teu email, subscreve aqui.

Ricardo Esteves Ribeiro: Olá, malta. Criei isto para irmos discutindo coisas que podemos fazer para melhorar a relação com ‘a comunidade’, ou a malta que contribui. Neste momento, temos 3 pessoas que contribuem.
Eu estava a pensar em duas ideias:
1. Sempre que tivermos marcações de gravações confirmadas, avisamos e perguntamos se há alguma coisa que eles sugiram vermos, perguntarmos, abordarmos (sem compromisso, claro);
2. Criar um canal do slack onde convidamos essas pessoas para podermos conversar com a malta e também ir avisando destas coisas. O que acham?
Maria Almeida: Sim a tudo.

Ricardo Esteves Ribeiro: Como chamamos o canal para onde convidamos os contribuidores? Dois deles aceitaram.
Maria Almeida: Comunidade?


Foi assim que começou. No dia 26 de janeiro de 2017, criou-se o canal de comunicação mais utilizado pela Comunidade Fumaça. Hoje, somos quase 3800 pessoas e “a comunidade” já não é só “a malta que contribui”, como seria há seis anos, quando o nosso Ricardo a descrevia. É também um grupo de pessoas que já não tem uma contribuição ativa para o Fumaça, pessoas que fizeram parte da equipa, pessoas que trabalharam connosco enquanto freelancers, pessoas que já entrevistámos. Há certamente mais do que uma dezena de motivos diferentes para que tenham entrado no grupo. Quem entra, por lá fica.

A aldeia é mutante e assim faz sentido que seja. Em busca de espaços seguros de discussão, sem gravações ou hierarquias, criamos o Inquietações, um clube online, onde se debate um tema escolhido a meias pela comunidade e pela equipa. Depois da pandemia, percebemos que nos faltava estar presencialmente com quem anda por Lisboa – que a gente estivesse com a gente – e daí começámos as visitas à redação. E correm bem essas mudanças. Quando demos por ela, havia pessoas a organizar listening parties e conversas sobre os episódios de Desassossego, a última série que publicámos. As visitas à redação são sempre maravilhosas, mesmo com poucas pessoas. As caras já se começam a repetir, o que faz com que a conversa se desdobre a cada convívio. Sai-se da redação em sorrisos à sexta-feira.

Mas criar uma aldeia é um processo muito lento. As primeiras interações não são fáceis. É preciso partir pedra, construir casas, fazer crescer, dar espaço, dar tempo, cuidar. Começamos esta semana com a vontade de repensar esta aldeia. Neste momento no nosso site diz que a Comunidade Fumaça participa “ativamente no nosso processo jornalístico” e tem “acesso exclusivo ao nosso chat”, onde pode “dar sugestões e críticas, apontar caminhos ou pessoas com quem falar e ter conteúdos recomendados”. Mas será que faz sentido que tudo isto seja só sobre jornalismo ou sobre a nossa redação? Que outras formas existem de fomentar outro tipo de debates, de criar relações, de construir  espaços de partilha, lazer e pensamento crítico? Como passa isto a ser mais “Comunidade” e menos “Fumaça”?

O ponto de partida não deixa dúvidas: queremos repensar isto com quem faz parte. A próxima visita à redação, no dia 14 de abril, a partir das 18h, é uma oportunidade para falarmos, entre copos e pratos. Para além disso, podemos falar no tal chat que descrevi no início. Se ainda não fazes parte, alargo este pedido e pergunto-te: o que achas que é preciso para criar uma comunidade? Um dia talvez te possamos convencer a criá-la connosco.

Subscreve a newsletter

Escrutinamos sistemas de opressão e desigualdades e temos muito que partilhar contigo.