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Há mais seguranças privados em Portugal do que militares nas Forças Armadas ou do que agentes da PSP e da GNR juntos. De farda, guardam discotecas e supermercados, hospitais, tribunais, estações ferroviárias. São mais de 45 mil.
Fala-se deles quando há cenas de pancadaria à porta de discotecas ou são acusados de violência em espaços públicos. Mas esse é o final da história. Ela começa antes, num setor sustentado na precariedade laboral, no bullying corporativo, na ineficácia de sindicatos e reguladores e em práticas ilegais normalizadas pelos gigantes da indústria. O seu maior cliente? O Estado.
“Exército de Precários” é o resultado de uma investigação de dois anos no interior da segurança privada em Portugal.
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ContribuirO Estado detém o monopólio da violência legal. Mas, se assim é, como se explica a ligação umbilical entre a segurança privada e as forças públicas de autoridade?
Do dia para a noite, centenas de seguranças perderam décadas de direitos laborais. Os patrões são claros: não é problema deles.
Em 12 anos, o Estado gastou mais de mil milhões de euros em segurança privada. É o maior cliente do setor. Estará conscientemente a promover precariedade?
Se a alcunha “Dono Disto Tudo” não tivesse surgido nos corredores do Banco Espírito Santo, bem podia ter sido inventada no setor da segurança privada.
Um sindicato que joga pelas regras dos patrões é incompetente, corrupto ou apenas perdeu o seu objetivo?
Liderar um sindicato por 40 anos, sem contestação, exige que se saiba fazer uma de duas coisas: frente ao patronato ou à própria oposição interna.
Algures, talvez haja uma empresa de segurança privada em Portugal a cumprir a Lei. Em dois anos de investigação, não a encontrámos.
Mal pagos, cansados, frustrados e violentos. Os seguranças são abusadores, vítimas ou a linha que separa estas duas realidades é mais ténue do que parece?
Esta série contou com o apoio de bolsas de investigação jornalística da Fundação Calouste Gulbenkian e da Rosa Luxemburg Foundation. Os contratos podem ser consultados aqui.