DESASSOSSEGO – SAÚDE E DOENÇA MENTAL

Glossário

Ouve e segue o Fumaça
Apple Podcasts | Spotify | Google Podcasts | Pocket Casts | Feed RSS

Ansiolítico: medicamento utilizado para impedir ou minorar estados de ansiedade, mas também para ajudar a relaxar e a dormir. Tem um efeito calmante. O seu uso prolongado pode criar habituação e dependência. Só pode ser receitado por um médico.

Antidepressivo: medicamento utilizado para impedir ou minorar estados de depressão e os múltiplos sintomas associados (tristeza, perda de motivação, falta de energia, desinteresse pelas atividades quotidianas, problemas em dormir, alterações nos hábitos alimentares, dificuldades de concentração, apatia, etc.). Também pode ser utilizado para debelar perturbações de ansiedade, dependências (álcool, drogas) e estados de dor crónica. Não cria dependência. Só pode ser receitado por um médico.

Antipsicótico: medicamento utilizado para impedir ou minorar estados psicóticos, principalmente em doentes com esquizofrenia. Pode também ser utilizado no tratamento de outras doenças do foro mental como a depressão, o transtorno bipolar ou como sedativo, estabilizador de humor, redutor da agitação psicomotora. Não cria dependência. Só pode ser receitado por um médico.

Benzodiazepina: medicamento com propriedades calmantes, que ajuda na regulação do sono, a combater a ansiedade (pertence ao grupo dos ansiolíticos), como relaxante muscular, anticonvulsivo ou no tratamento de transtornos do humor. Pode criar habituação e dependência. Só pode ser receitado por um médico.

Binder: Peça de vestuário ou pedaço de tecido através do qual o peito é comprimido, por forma a parecer o menos saliente possível. Binding é o ato de usar o binder para esse fim.

Carga global de doença: indicador estatístico que mede o impacto dos problemas de saúde na sociedade. Soma os anos de vida perdidos por morte prematura aos anos vividos com incapacidade de uma determinada população.

Comorbilidade/comorbidade: doença ou doenças prévias e independentes de uma outra patologia, que coexistem numa pessoa ao mesmo tempo. Por exemplo: alguém que tem diabetes e asma e a quem foi diagnosticada depressão. Quando se fala de depressão e das consequências sobre as comorbilidades, neste caso, referimos-nos à asma e à diabetes.

Cortisol: hormona produzida pelas glândulas suprarrenais (localizadas acima dos rins), com funções anti-inflamatórias, que ajuda o organismo a processar proteínas, gorduras e açúcares. Também conhecida como hormona do stress, está diretamente ligado às respostas do corpo a momentos de tensão/emergência.

Cuidados continuados integrados: filosofia de intervenção médica e social junto de pessoas doentes dependentes. Tem por base os princípios da humanização e proximidade dos cuidados, adequando a assistência às necessidades específicas de cada pessoa, de forma a promover a sua recuperação, autonomia e máxima qualidade de vida. Em Portugal, a Rede Nacional de Cuidados Continuados Integrados, criada em 2006, aglomera um conjunto de instituições, públicas ou privadas, com diferentes tipologias de resposta: unidades residenciais com vários níveis, equipas domiciliárias e unidades sócio ocupacionais. Dentro desta, há uma subrede de Cuidados Continuados Integrados em Saúde Mental, com respostas específicas.

Cuidados de saúde primários: primeira linha de cuidados de saúde, desenhada para prestar cuidados básicos em situações agudas ou de doença crónica, de forma acessível e próxima na comunidade em que a pessoa vive, ao longo de toda a sua vida. Atendem às necessidades de saúde imediatas e a longo prazo, e não apenas em resposta a um conjunto de doenças específicas. Em Portugal, os centros de saúde evoluíram e passaram a incluir as chamadas unidades de saúde familiar (USF), que devem ter médicos e enfermeiros de família, psicólogos e outros profissionais de saúde familiar. Os cuidados primários organizam-se em Agrupamentos de Centros de Saúde (ACES), que podem incluir, por exemplo, Unidades de Cuidados de Saúde Personalizados (UCSP), Unidades de Cuidados na Comunidade, Unidade de Saúde Pública e Serviço de Atendimento de Situações Urgentes (SASU).

Depressão major e depressão minor: uma doença caracterizada, genericamente, pela persistência prolongada de humor triste e da perda de vitalidade. É descrita na Classificação Internacional de Doenças da Organização Mundial de Saúde e no Manual de Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais [DSM – Diagnostic and Statistical Manual of Mental Disorders], o manual da psiquiatria ocidental. É comummente dividida em dois tipos consoante a gravidade e intensidade dos sintomas: depressão major e depressão minor.

Disforia de género: disforia é uma sensação de mal-estar e sofrimento psicológico; disforia de género refere-se a quando isso é provocado por algum grau de incongruência entre o género atribuído à nascença e o género com o qual a pessoa se identifica; quando o corpo ou partes do corpo não correspondem. A disforia pode também ser desencadeada quando o nome e os pronomes atribuídos à nascença não correspondem ao género da pessoa, uma vez que a anulam/invisibilizam.

Doença bipolar: é uma doença descrita na Classificação Internacional de Doenças da Organização Mundial de Saúde e no Manual de Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais [DSM – Diagnostic and Statistical Manual of Mental Disorders], o manual da psiquiatria ocidental. De forma simples, caracteriza-se por graves oscilações de humor, cujos episódios se prolongam por dias, semanas ou até meses, na ausência de tratamento. Há oscilações entre  episódios de depressão e episódios de hipomania (com sintomas mais ligeiros e mais curtos) ou de mania (sintomas mais intensos e prolongados) em que o humor está anormalmente feliz ou irritável.

Doença orgânica: expressão utilizada em referência aos problemas de saúde física, como infecções e distúrbios metabólicos, e todas as doenças que não consideradas doenças mentais.

Epigenética: área científica que mostra como múltiplos estímulos ambientais nas primeiras experiências de vida têm expressão nos genes e impactos ao longo da vida.

Ideação suicida: refere-se aos pensamentos, planos e atos preparatórios relacionados com o suicídio.

Inimputabilidade: o artigo 20.º do Código Penal define como inimputável quem, por força de anomalia psíquica, for incapaz ou tiver a capacidade sensivelmente diminuída de avaliar a ilicitude dos seus atos no momento do crime. A inimputabilidade é determinada por um juiz. As pessoas inimputáveis não são condenadas nem responsabilizadas pelos atos em causa por não terem capacidades para os avaliar. Podem receber uma medida de internamento (em contexto hospitalar), não de prisão.

Patogénico: que provoca ou pode provocar doença.

Pródromos: sinais de mal-estar, sintomas ou comportamentos que podem indicar o início de uma doença, antes dos seus sintomas específicos se manifestarem.

Cis/cisgénero: pessoa que se identifica com a identidade de género que lhe foi atribuída à nascença.

Trans: pessoa cuja identidade de género não corresponde ao género que lhe foi atribuído à nascença.

Psicose: estado de alteração grave da percepção da realidade, com impacto nos pensamentos, sentimentos e comportamentos de uma pessoa. Pode incluir sintomas como pensamento confuso, crenças falsas, alucinações, mudanças bruscas nos sentimentos e alterações graves do comportamento. A periodicidade e a duração dos episódios psicóticos é variável.

Psicofármaco: medicamento que produz efeitos nas funções cerebrais, alterando o seu funcionamento (antipsicóticos, antidepressivos, ansiolíticos, sedativos e hipnóticos). Podem provocar alterações na percepção, humor, consciência, cognição ou comportamento. Além de usados no tratamento das doenças mentais, prescritos por médicos de família e psiquiatras, podem também ser indicados para o tratamento de sintomas de patologias não psiquiátricas, como a dor crónica.

Psicologia: área científica que procura compreender e estudar a mente, os comportamentos, os pensamentos e as emoções humanas. Foca-se no funcionamento psicológico como um todo, não necessariamente patológico. Em Portugal, para o exercício legal da profissão é necessária a inscrição na Ordem dos Psicólogos Portugueses. Na área da saúde, trabalham os psicólogos clínicos (especializados em Psicologia Clínica e da Saúde), que têm entre as suas competências a avaliação, diagnóstico, análise, e intervenção psicológica e psicoterapêutica – ou seja, medidas terapêuticas não farmacológicas.


Psicoterapia: processo terapêutico, através da conversa, desenvolvido para criar estratégias para gerir e travar sintomas, destapar processos mentais inconscientes e alterar padrões de pensamento ou comportamentos. É feito por psicólogo clínico, psiquiatra ou enfermeiro especialista com formação numa determinada psicoterapia.

Psiquiatria: especialidade médica que se ocupa da prevenção, diagnóstico, tratamento e reabilitação das perturbações e doenças mentais, em particular das suas formas mais graves e incapacitantes. Psiquiatras tratam as alterações funcionais cerebrais – funções diferentes de neurologistas, que lidam com questões mais estruturais do cérebro. São psiquiatras os profissionais certificados pela Ordem dos Médicos, após cinco anos de internato em psiquiatria.

Psiquiatria da Infância e da Adolescência/Pedopsiquiatria: especialidade médica que se ocupa das doenças e perturbações mentais, emocionais e comportamentais em crianças, adolescentes e jovens (do nascimento à maioridade), bem como das suas famílias. São pedopsiquiatras os profissionais certificados pela Ordem dos Médicos, após cinco anos de internato em Psiquiatria da Infância e da Adolescência.

Sedativo: medicamento utilizado para acalmar, diminuir a excitação, induzir sonolência ou estados de relaxamento.

Terapia ocupacional: profissão da área da saúde, definida por lei, que trabalha na recuperação, manutenção e reabilitação de capacidades físicas, mentais, de desenvolvimento, sociais e outras, com vista à prevenção ou resolução de problemas que interferem com a funcionalidade das pessoas no dia-a-dia. Foca-se na capacidade das pessoas desempenharem ocupações que considerem significativas: das mais básicas como alimentar-se e vestir-se às mais complexas como trabalhar ou gerir um orçamento. São terapeutas ocupacionais os licenciados na área.

Trigger: Situação que pode desencadear um (ou vários) acontecimento, evento ou crise.

Regressa à página da série > DESASSOSSEGO – SAÚDE E DOENÇA MENTAL

Subscreve a newsletter

Escrutinamos sistemas de opressão e desigualdades e temos muito que partilhar contigo.