Fumaça angaria 315 mil euros em bolsas para continuar a crescer doações da Comunidade

O Fumaça ganhou duas novas bolsas de apoio ao jornalismo sem fins lucrativos: uma trianual, de 295 mil euros, da Stichting Limelight Foundation e outra anual, de 20 mil euros, da Guerrilla Foundation. Este financiamento servirá para nos ajudar a chegar ao objetivo de sermos a primeira redação jornalística profissional em Portugal a ser totalmente financiada pelas pessoas. 

As duas são apoios estruturais, destinados a pagar os salários da atual redação (as despesas com pessoal são cerca de 85% do orçamento) enquanto nos aproximamos de ser totalmente sustentados pelo público, através de doações mensais recorrentes. Chega até 2025 o valor angariado, se crescer dentro das nossas previsões a Comunidade Fumaça, com o lançamento de investigações neste período sobre policiamento, o sistema prisional, a indústria da ajuda na Palestina, e o apagamento histórico de mulheres.

O valor permite também sair da contração orçamental em que entrámos no último meio ano, retomando boas práticas laborais, como o garante de aumentos salariais anuais. E, ainda, expandir a equipa permanente de volta à dimensão que tinha no início deste ano, contratando alguém para assumir o marketing do Fumaça. A Maria Almeida, responsável até agora por esta área, dedicar-se-á a tempo inteiro ao jornalismo. Pode ser consultado aqui o nosso orçamento atualizado para 2023. E aqui informação sobre o processo de recrutamento, com candidaturas abertas até 3 de agosto.

Estas doações chegam apenas porque a Comunidade Fumaça garante já tanto do orçamento do Fumaça: 49%, já considerando o aumento de custos com a atualização orçamental. No final de 2022 e início de 2023, crescemos mais do que esperávamos em número de downloads do podcast e em contribuições mensais das pessoas que fazem parte da Comunidade Fumaça. A série narrativa Desassossego, sobre saúde e doença mental, que acabámos de lançar em janeiro deste ano, foi a mais ouvida que alguma vez publicámos, com mais de 200 mil audições. O aumento de doações que motivou trouxe-nos para mais perto da sustentabilidade do que alguma vez estivemos.

Sobre as bolsas que nos financiam e os termos dos contratos

A Stichting Limelight Foundation, que doa ao Fumaça 295 mil euros ao longo de três anos, foi criada com o dinheiro do holandês John Caspers, um dos recém-bilionários fundadores do processador de pagamento Adyen. Quer “apoiar um ecossistema de informação forte e livre na era digital”. A pedido da Limelight, o contrato completo que rege a aplicação da bolsa não foi publicado no nosso site, mas a candidatura formal à bolsa (que é parte desse acordo) pode ser lida aqui. Os termos e condições são os mesmos que para todas as outras bolsas atribuídas pela Fundação. O contrato integral pode ser consultado submetendo um pedido individual aqui. A Limelight Foundation publicará os seus termos e condições online quando concluir um processo interno de revisão em curso. 

A redação do Fumaça debateu e negociou estas regras de publicitação, em múltiplas reuniões, para definir linhas vermelhas consensuais, e garantir, antes de assinarmos, que se cumpria a nossa política de transparência radical. Na nossa newsletter desta semana explicamos o processo de candidatura.

A Guerrilla Foundation, formalmente Good Move gGmbH, que doa 20 mil euros numa única tranche, foi criada pelo grego-alemão Antonis Schwarz, herdeiro da fortuna gerada pela farmacêutica com o seu apelido. Este ano a gestão passou a ser feita por um grupo de ativistas, e outros oito doadores começaram a contribuir com 40% do seu orçamento, numa experiência de filantropia participativa que quer atribuir “bolsas para promover o trabalho de movimentos sociais de base na procura de mudanças sistémicas”. Pode ser consultado este contrato aqui, o resultado de um processo de candidatura começado em novembro de 2022.

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