Monetising Value, um novo projeto para mapear o jornalismo independente na Europa

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O Fumaça fará no próximo mês sete anos de existência; cinco, se contarmos apenas o tempo desde que nos apresentámos como uma redação profissional, com jornalistas a tempo inteiro. Não é coisa pouca. Não são assim tantos os projetos que se mantêm ativos depois deste tempo. Ainda menos os que o conseguem fazê-lo profissionalmente, com contratos de trabalho e dinheiro para pagar salários dignos. Menos ainda os que, ao fazerem-no, se vão aproximando, ainda que progressivamente, da sustentabilidade. Um privilégio, portanto. 

Há cerca de três semanas estive, pela segunda vez, no International Journalism Festival, em Perúgia, Itália. Este é um dos maiores encontros de jornalismo da Europa, onde centenas de pessoas se juntam para discutir o presente e o futuro da produção de informação. Durante cinco dias estive a trocar experiências com outras redações independentes pelo mundo fora sobre jornalismo e, mais do que isso, sobre o seu financiamento. Quando explicava a nossa visão para a sustentabilidade do Fumaça e o caminho que temos feito para lá chegar, várias vezes a pergunta era: “Mas onde é que vocês aprenderam a fazer isso?” A resposta não é simples: fomos aprendendo, aqui e ali, errando e acertando.

Sempre tive facilidade em avançar para tarefas e projetos mesmo não sabendo exatamente o que estava a fazer, mesmo não tendo experiência. Talvez venha do meu passado em startups tecnológicas, ou talvez do meu privilégio de homem branco (tendo para a segunda). Mas sempre foi claro para mim que me entusiasma o processo de aprender enquanto vou fazendo, de corrigir enquanto vou errando. Só que para criar um ambiente saudável para a criação e sustentabilidade de jornalismo independente não chega doses generosas de autoestima ou privilégio. 

Por isso mesmo, desenvolvemos com a rede de jornalismo independente europeia Reference (de que fazemos parte desde o ano passado), o projeto Monetising Value, com o objetivo de mapear as técnicas e estratégias que redações europeias usam para ser sustentáveis, com o objetivo de partilhar conhecimento e contribuir para os modelos de financiamento de outras redações. Para que quem esteja a começar, ou quem esteja a fazer o seu caminho, tenha ferramentas à sua disposição, exemplos de que beber. A boa notícia é que, em conjunto, conseguimos uma bolsa de cerca de 600 mil euros da Comissão Europeia para o executar. O Fumaça receberá cerca de 60 mil euros para, durante os próximos dois anos, fazer e editar entrevistas com todos os membros da Reference (a primeira tranche, de 70% do valor, será paga em breve; o restante, apenas no final do projeto).

Para isso, abrimos agora candidaturas públicas para a contratação de uma pessoa freelancer para executar este projeto connosco. Procuramos alguém com interesse nas áreas do financiamento e sustentabilidade dos média para produzir estas conversas em Portugal e em cinco outros países europeus. Podes ler aqui os detalhes da posição, e candidatar-te aqui nas próximas duas semanas, até 26 de maio. Como sempre, o contrato desta bolsa estará público aqui e no nosso website.

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