“Um insecto aprisionado”, por Filipe Maia e Carmo

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Aspirando,
pela Liberdade
sonhada e cantada,
Encontrando-te,
Porto seguro
Onde, por vezes,
Resvalam as minhas inquietações,
Onde se tiram lições e ilações
De aprender a viver
E de saber crescer…
Conservando, na memória,
A beleza da infância, por vezes,
Apenas ilusória.
Numa composição de verbos, palavras:
Ir vivendo,
Libertando-se de escravizadas
amarras,
Em crescendo,
Para alcançar a querida,
A desejada, a amada,
A partilhada,
E quase impossível,
Por vezes, de textura e sabor incrível:
A Liberdade

Poema Liberdade, originalmente publicado no livro Agarrar o Vento [Padrões Culturais, 2004]

Que solidão ao abrir as portas
de um castelo
até se encontrar a última e abri-la com desespero
e ver que apenas existe um banco de jardim, 
vazio.
E sentir-se como um insecto aprisionado
por uma planta devoradora.

A angústia num deserto a caminhar para o abismo,
a verter gotas de orvalho sem que
ninguém possa bebê-las.
E um adeus contínuo, a desaparecer
na linha do horizonte
o eco do ser.

Poema Solidão, originalmente publicado no livro Agarrar o Vento [Padrões Culturais, 2004]

Filipe é ator no Grupo de Teatro Terapêutico e uma das vozes da Rádio Aurora, produzida por utentes do Hospital Júlio de Matos. Podes ouvi-lo ao episódio 9 de Desassossego, série Fumaça sobre saúde e doença mental.

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