Palestina

Hamas e Autoridade Palestiniana torturam e prendem

Um relatório da Human Rights Watch, uma organização não governamental para defesa de direitos humanos, com o nome “Two Authorities, One Way, Zero Dissent” – Duas Autoridades, uma via, zero dissidentes: prisão arbitrária e tortura pela Autoridade Palestiniana e pelo Hamas”, descreve um padrão de detenções e tortura praticados pela Autoridade Palestiniana, o governo interino da Palestina e pelo Hamas, o partido político que administra a Faixa de Gaza.

“Nos 25 anos desde que os palestinianos ganharam um nível de auto governo sobre a Cisjordânia e a Faixa de Gaza, as suas Autoridades implementaram uma máquina de repressão para esmagar os dissidentes, incluindo através do uso de tortura”, lê-se no relatório que é resultado de uma investigação de dois anos, e que juntou entrevistas a 147 pessoas, incluindo jornalistas e ativistas que estiveram detidos, familiares, advogados, representantes de organizações não governamentais e um médico. São descritos 86 casos, ocorridos entre 2016 e 2017, que demonstram que “as autoridades palestinianas prendem rotineiramente pessoas cujo discurso pacífico lhes desagrada e torturam as que estão sob detenção”.

Um dos casos descritos é o de Jihad Barakat, jornalista do Media Port, uma empresa de média palestiniana. Segundo conta à Human Rights Watch, foi detido em Tulkarem, por fotografar o carro onde estava o Primeiro-Ministro Palestiniano, Rami Hamdallah. Foi-lhe pedido o telemóvel e a palavra-passe do mesmo e, quando Barakat recusou, foi levado para instalações dos Serviços Secretos Palestinianos. Ficou preso por quatro dias, e foi libertado apenas quando apagou as fotografias tiradas.

Fouad Jarada, jornalista palestiniano, foi detido em junho de 2017, pelo Hamas, na Faixa de Gaza. Ficou preso mais de dois meses, depois de uma publicação no Facebook e de ter feito uma série de notícias críticas em relação ao governo. Jarada disse à Human Rights Watch: “Fui obrigado a estar todo o dia vendado numa salada chamada “o autocarro”. Estavam entre 5 a 10 pessoas comigo. Num determinado momento eles sentaram-nos em pequenas cadeiras, mas precisávamos de pedir permissão para cada coisa que fazíamos, incluindo dormir ou falar. Passei 30 dias ali… Depois do primeiro dia, começou o espancamento. Pediram-me para abrir as mãos e começaram a bater-me com um cabo e chicotearam-me os pés”.

A Human Rights Watch escreve que as práticas de tortura sistemáticas podem ser consideradas “crime contra a humanidade”, segundo o Tribunal Penal Internacional, e exigem ao procurador do órgão que abra um inquérito formal sobre estas denúncias, algo que vêm pedindo desde 2016.

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